quinta-feira, 30 de julho de 2009

UAI - A MÚSICA DE GOIÁ QUE TODO MINEIRO DEVERIA CONHECER

Meus caros conterrâneos não me levem a mal
Por essa brincadeira que não tem maldade
Achei por intermédio da palavra uai
A forma mais alegre de falar saudade...

Você que me pergunta uai o que é?
Depende da maneira que a pergunta sai
Segundo um dicionário lá da minha terra
Esse tal uai sô, quer dizer uai, uai...

Uai, uai, uai, uai, uai, uai, uai, uai...

Nasceu um garotinho na rua de riba
O nome que lhe deram quase deu inguiço
Deu uma sapituca nos parentes dele
E a cidade inteirinha só falava disso...

Uai mane capanga que trem doido é esse
Cumpade João Ribeiro uai o quê que tem
O filho do Mutuca já foi batizado
É Joaquim uai sô, de Oliveira trem...

Uai, uai, uai, uai, uai, uai, uai, uai...

Mineiro de verdade quebra o jejum
Comendo logo cedo ele se sente bem
Eu sempre levantava de madrugadinha
Lavava o pescoço e comia um trem

Depois das sete horas eu já sorvetia
Ia pra roça junto com meu pai
E só voltava de tardezinha
Com os trem no bolso e a cabeça cheia, de tanto uai

Uai, uai, uai, uai, uai, uai, uai, uai...

Um ônibus de Minas outro de Goiás
Faziam um horário muito apressado
E logo na divisa houve uma trombada
E foi só uai sô, pra todo lado...

Você que me pergunta uai o que é?
Depende da maneira que a pergunta sai
Segundo um dicionário la da minha terra....
Esse tal uai sô, quer dizer uai, uai...

segunda-feira, 27 de julho de 2009

COMPOSIÇÕES DE GOIÁ

Adeus filhinha
Adeus, mãezinha
Alma triste
Amada ausente (Goiá / Zacarias Mourão)
Apenas um pecado (Goiá / Zé Claudino)
Aurora do Mundo (Goiá)
Baile do adeusBrasília (Goiá / Zé Micuim e Goiazinho)
Caminhos da minha infância
Campos amados de Coromandel
Canção do meu regresso
Capricho (Goiá / Arlindo Pinto)
Carrossel da vida (Goiá / Geraldo Meirelles)
Chapadão
Coisas da vida (Goiá / Mineirinho)
Coromandel
Cuiabá
Dia mais triste da vida
Duelo de amor (Goiá / Benedito Siviero)
Feitiço espanhol (Goiá / Zacarias Mourão)
Flor do lodo
Garimpeiro Teodoro
Índia soberana (Goiá / Zacarias Mourão)
Juriti mineira (Goiá / Zacarias Mourão)
Lição de caboclo
Luz de minh'alma
Messalina
Milagres de Trindade (Goiá / Zé Micuim e Goiazinho)
Minuano do sudoeste
Motorista de Goiás (Goiá / Zé Micuim e Goiazinho)
Mutirão de Goiânia
Natal em Goiás
Nossa mensagem
O adeus do meu bem (Goiá / D. Tomaz)
O astronauta (Goiá / Nenete)
Piadas de minha terra
Poço verde
Poluição
Ponte da vida
Pranto do norte
Recordação (Goiá / Nenete)
São Paulo não pode parar
Saudade cruel (Goiá / Zalo)
Saudades da minha terra (Goiá / Belmonte)
Saudade de Coromandel
Saudade de Goiás
Sem ela não sei viver (Goiá / Zilo)
Sem teu amor (Goiá / Biguá)
Sonho de criança
Tela branca de meu coração
Tipos populares da minha terra
Triste abandono
Uai
Última esperança
Vinte anos de silêncio
Visita a Goiás
(Fonte: http://www.musicapopular.org/goia/)

domingo, 19 de julho de 2009

GOIÁ, POR PACO LIMA (RECANTOS DAS LETRAS)

Em nome da história da musica sertaneja, visitei a cidade de Coromandel, terra natal do POETA GOIÁ, em janeiro de 2001, distante 501 km da capital mineira, vindo da cidade Araguari no triângulo onde fui a passeio. Sob chuvas torrenciais, cheguei dia 19 e a coincidência me fez permanecer no dia 20, aniversário de 20 anos de sua morte, com homenagens por toda a cidade e na Rádio DIAMANTE onde fui recebido, tendo ainda visitado seu irmão, o Sr Nelson, que me passou imediatamente um violão para cantar a música que ainda hoje firmou na memória de brasileiros do Oiapoque ao Chuí A PAULISTINHA,canção cujo nome é SAUDADE DA MINHA TERRA (moda campeira que fez com o Belmonte) da dupla Belmonte e Amarai que a celebrizaram e eternizaram nas décadas de 60 e 70, e claro, pra sempre, tendoO Belmonte morrido em desastre de carro em 1972. Já o Amaraí, vive hoje na cidade de São Sebastião do Paraíso, e corta o Brasil com o filho Francis Junior mantendo a linhagem do sertanejo tradicional.
Voltando ao Poetá Goiá, este desde pequeno gostou de falar de versos, (recitar trovas) e como sempre recebia em troca como caché (dôce queijo requeijão etc.). Seu entusiasmo cresceu, muito, até que um dia, no auge da interpretação, quis dar um colorido especial a um dos versos, expressando-o com tamanha força que o que todos ouviram foi um ruído longo e grave, e ninguém gostou. E foi assim que Coromandel perdeu seu declamador de 04 anos de idade.
Ganhou do pai uma gaita que o acompanhou por muitos anos e depois a trocou por um cavaquinho. Porém sua alegria foi quando ganhou um violão de tarrachas, esse sim seu grande sonho. Começou a cantar em dupla com vários parceiros entre eles ANTERINO COUTINHO, seu irmão NELSON, GERALDO TELES (Geraldinho do Vigilato) e ZÉ DO VIGILATO. Quando chegavam nas festas, era comum o comentário: Chegou o fio do Cerso e seus companheiros. E a coisa fervia até o nascer do Sol. Iniciou-se no estudo da música com o mestre JOSÉ FERREIRA e enquanto não terminava o curso , passou a ser tocador de bumbo formando dupla com MIGUELINHO (filho do Miguel Batalha).
Após passarem uma temporada em largamar, na casa da sua irmã Maria, foram para Patos de Minas onde cantaram por alguns meses no programa do COMPADRE FORMIGA (padre Tomaz Olivieri. No ano de 1953 (citado em uma música cantada por CHICO REY E PARANÁ, Jardineira do Adeus) partiu para GOIÂNIA onde ficou conhecendo gente do seu meio naquela Capital de GOIÁS, estado que tantos amigos fez e em sua homenagem a carinhosa alcunha .
Aprendendo muito em todos os sentidos. Formou o TRIO AMIZADE com programas diário na RÁDIO BRASIL CENTRAL, sendo os primeiros do estado a gravarem um disco em SÃO PAULO (DOIS 78 RPB, DA COLUMBIA. De GOIÂNIA partiu PARA SÃO PAULO gravando com o TRIO MINEIRO e após uma temporada RÁDIO NACIONAL nos programas do NÔ ZÉ, transferiu-se para a RÁDIO BANDEIRANTES, onde foi contratado como apresentador de programas inicialmente no MAIADOR DA FAZENDA do amigo e parceiro ZACARIAS MOURÃO (Matogrossense da cidade de COCHIM, citada na música PÉ DE CEDRO de ambos).
Mais tarde lançou o programa CHOUPANA DO GOIÁ. além de ser substituto eventual do CAPITÃO BARDUINO e COMENDADOR BIGUÁ em seus tradicionais programas BRASIL CABOCLO e SERRA DA MANTIQUEIRA. durante toda essa trajetória, jamais deixou de compor suas músicas. Permaneceu na RÁDIO BANDEIRANTES até meados de 1961, quando nesse interim quase a totalidade do elenco sertanejo daquela época já havia gravado músicas suas, PEDRO BENTO E ZÉ DA ESTRADA, LIU E LEU, IRMÃS GALVÃO, ZILO E ZALO e mais tarde, SÉRGIO REIS que alavancou novamente SAUDADE DA MINHA TERRA.MILIONARIO E JOSÉ RICO, CHITAOZINHO E XORORÓ, E CHICO REY E PARANA, VALDEY E MIZAEL entre outros Brasil afora. (Fonte: http://recantodasletras.uol.com.br/biografias/891754)

sábado, 11 de julho de 2009

SAUDADE DA MINHA TERRA.COM

Na barra lateral, seção Sites e Blogs Recomendados, estou disponibilizando link, para o incrível site Saudade da Minha Terra, em http://www.saudade-da-minha-terra.com/ que acabei encontrando em meu trabalho constante de pesquisas sobre Goiá. O site é administrado por Alessandra e por ela mesma, assim se define:

"Quanto ao Blog:O único objetivo do blog Saudade Da Minha Terra é o de resgate e divulgação do trabalho de grandes nomes da música sertaneja e raiz;O Blog não tem fins comerciais;Todo o material disponibilizado aqui é gratuíto, bastando apenas que se faça download dos arquivos postados.

Perfil da Administradora:
Nome: Alessandra
Signo: Escorpião (31/10)
Cidade: Campo Grande-MS
Endereço Atual: Japão


A paixão pela musica sertaneja começou em meados dos anos 80, quando tive contato pela primeira vez com discos das duplas Milionário & José Rico, Chitãozinho & Xororó, João Mineiro & Marciano, Gilberto & Gilmar, Chrystian & Ralf…


A paixão pela musica caipira começou bem mais tarde, no ano de 2006, através de um pequeno tópico da comunidade Acervo Brega, no Orkut;Esse pequeno tópico acabou se transformando em uma comunidade: Acervo Caipira (hoje ainda existe, mas com outro dono), depois disso se transformou em um Blog com o mesmo nome e depois ainda se tornou um Forum restrito a poucos participantes chamado: Toca do Tatú.…E foi através desse Forum que tomei conhecimento do maravilhoso trabalho realizado pelo compadre Samuel dos Reis Garcia, fundador do Grupo Caipira Raiz."

O acervo impressiona pelo volume e amplitude de informações, que é um verdadeiro resgate cultural. Parabéns Alessandra pelo brilhante trabalho. Vale a pena conferir.

OBRAS DE GOIÁ - SEGUNDO DICIONÁRIO CRAVO ALBIN DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA

Adeus filhinha • Adeus, mãezinha • Alma triste • Amada ausente (c/ Zacarias Mourão) • Apenas um pecado (c/ Zé Claudino) • Baile do adeus • Brasília (c/ Zé Micuim e Goiazinho) • Caminhos da minha infância • Campos amados de Coromandel • Canção do meu regresso • Capricho (c/ Arlindo Pinto) • Carrossel da vida (c/ Geraldo Meirelles) • Chapadão • Coisas da vida (c/ Mineirinho) • Coromandel • Cuiabá • Dia mais triste da vida • Duelo de amor (c/ Benedito Siviero) • Feitiço espanhol (c/ Zacarias Mourão) • Flor do lodo • Garimpeiro Teodoro • Índia soberana (c/ Zacarias Mourão) • Juriti mineira (c/ Zacarias Mourão) • Lição de caboclo • Luz de minh'alma • Messalina • Milagres de Trindade (c/ Zé Micuim e Goiazinho) • Minuano do sudoeste • Motorista de Goiás (c/ Zé Micuim e Goiazinho) • Mutirão de Goiânia • Natal em Goiás • Nossa mensagem • O adeus do meu bem (c/ D. Tomaz) • O astronauta (c/ Nenete) • Piadas de minha terra • Poço verde • Poluição • Ponte da vida • Pranto do norte • Recordação (c/ Nenete) • São Paulo não pode parar • Saudade cruel (c/ Zalo) • Saudades da minha terra (c/ Belmonte) • Saudade de Coromandel • Saudade de Goiás • Sem ela não sei viver (c/ Zilo) • Sem teu amor (c/ Biguá) • Sonho de criança • Tela branca de meu coração • Tipos populares da minha terra • Triste abandono • Uai • Última esperança • Vinte anos de silêncio • Visita a Goiás

terça-feira, 7 de julho de 2009

LIU E LÉO CANTAM MÚSICAS DE GOIÁ

http://www.liueleu.com.br/discografia/1997_liu_e_leu/1997_liu_e_leu.html

SONHO DE CRIANÇA - (GOIÁ) GOIÁ E BIÁ

http://www.yehplay.com/musics/Goia-e-Bia-Sonho-de-crianca/204616/

O POETA GOIÁ, DE LÚCIO RODRIGUES FLORES

O livro “O Poeta Goiá” foi organizado por Lúcio Rodrigues Flores e tem como objetivo preservar a história do grande poeta Gerson Coutinho da Silva, conhecido como Goiá.
O livro apresenta toda a trajetória da vida de Goiá. O leitor acompanha a cada página os sonhos, luta, sacrifícios, amigos e amores desse poeta, que embora humilde, possa ser considerado um dos grandes autores brasileiros do gênero.
As 11 primeiras páginas do livro contam a vida de Goiá, do seu nascimento, em Coromandel-MG, em 11 de janeiro de 1935 à sua morte, em 20 de janeiro de 1981. A partir daí, o organizador Lúcio Flores dedica várias páginas do livro às músicas de Goiá. São mais de 250 letras de músicas compostas pelo poeta. Todas mostrando humildade e sabedoria. Na maioria das vezes Goiá optava por temas regionalistas e falava com conhecimento de causa, com a experiência que toca fundo no coração de quem ouve.
Além das músicas, Goiá se dedicou à poesia. Nas suas poesias fica explícito o amor pela cidade natal, e o respeito e carinho pelos amigos e familiares. Goiá foi homenageado várias vezes durante sua vida e o organizador Lúcio Flores conseguiu recolher as mais belas dessas homenagens. As homenagens póstumas também estão presentes no livro, mostrando que Goiá não foi apenas um poeta, mas acima de tudo uma pessoa inesquecível.É como se ao abrir o livro, o leitor sentisse o cheiro do sertão!

Por Maria Carolina Coelho (Fonte: http://www.revistaviolacaipira.com.br/link18-25.htm )

GOIÁ: UMA POSSIBILIDADE DE PESQUISA DA MÚSICA SERTANEJA DO INTERIOR DAS GERAIS

Festival de Arte 2003 - Trabalho de Diogo de Souza Brito no link http://www.festivaldearte.fafcs.ufu.br/2003/P4-26.htm

CANÇÃO DO MEU ADEUS (GOIÁ) NELSON COUTINHO E JOÃO DO OURO

sábado, 4 de julho de 2009

SAUDADE DA MINHA TERRA (GOIÁ) INTÉRPRETES VIOLEIROS DA TERRA

Para ver o vídeo clique no link
http://www.avmaroc.com/videos/saudade+minha+terra-cLiPR6KehiiYhl8.html

ENTREVISTA GOIÁ - PROGRAMA VIOLA MINHA VIOLA

Para ver este vídeo clique no link
http://www.avmaroc.com/videos/goi%C3%A1+coromandel-cLiPBxyyntvrf4M.html

POÇO VERDE (GOIÁ) POR NELSON COUTINHO (IRMÃO DE GOIÁ) E OSWALDO TEODORO

GOIÁ EM DUAS VOZES - VOL 2


1) Luz de minh'alma - Goiá/Osvaldo Alves da Silva
2) Tela branca do meu coração - Geraldo Meirelles/Goiá
3) Natal em Goiás - Goiá/Chicão Pereira
4) Vinte anos de silêncio - Goiá/Zacarias Mourão
5) Adeus filhinha - Goiá/José Neto
6) Piadas de minha terra - Goiá/Osvaldo Gomes
7) Minuano do sudoeste - Goiá/Marciano
8) Chapadão - Goiá/Sebastião Rocha
9) Messalina - Goiá/Marciano
10) Pranto da meia noite - Goiá/Plinio Alves
11) Poluição - Goiá/Zacarias Mourão
12) Campos amados de Coromandel - Goiá/Waldemar de Freitas Assunção

GOIÁ EM DUAS VOZES - VOL 1


1) Coromandel - Goiá/Zalo
2) Última esperança - Goiá/Natinho
3) Tipos populares de minha terra - Goiá/Selma A. Lopes
4) Poente da vida - Goiá/D. Thomaz
5) Visita à Goiás - Goiá/Sidon Barbosa
6) Cuiabá - Goiá
7) Saudade de minha terra - Goiá/Belmonte
8) Triste abandono - Goiá/Zacarias Mourão
9) Garimpeiros Theodoro - Goiá
10) Mutirão de Goiania - Goiá
11) Saudade de Coromandel - Goiá/Biazinho
12) Canção do meu regresso - Goiá

RINGTONES DE MÚSICAS DO GOIÁ

Top 19 Goiá Lyrics
- Saudade De Minha Terra Lyrics
- Visita À Goiás Lyrics
- Chapadão Lyrics
- Saudade De Coromandel Lyrics
- Aurora Do Mundo Lyrics
- Coromandel Lyrics
- Canção Do Meu Regresso Lyrics
- Recordação Lyrics
- Esquina Do Adeus Lyrics
- Última Esperança Lyrics
- Sonho De Criança Lyrics
- Campos Amados De Coromandel Lyrics
- Triste Abandono Lyrics
- Flor Do Lodo Lyrics
- Poenta Da Vida Lyrics
- Vinte Anos De Silêncio Lyrics
- Canção Do Meu Adeus Lyrics
- Cuiabá Lyrics
- Gente De Minha Terra Lyrics

http://www.seeklyrics.com/lyrics/Goi%E1/

RECORDAÇÃO - GOIÁ / NENETE

Amargurado pela dor de uma saudade
Fui ver de novo o recanto onde eu nasci
Onde passei minha bela mocidade
Voltei chorando com a tristeza que senti
Vi a campina que brincava com maninho
Vi a palmeira que meu velho pai plantou
Chorei demais com saudades do velhinho
Que Deus do Céu há muitos anos já levou!
E onde estão meus estimados companheiros
Se foram tantos janeiros desde que eu deixei meus pais
Adeus lagoa 'Poço Verde' da esperança
Meu tempinho de criança que não volta nunca mais!
Meu pé de cedro desfolhado já sem vida
Final amargo de uma rósea esperança
O monjolinho quero ouvir sua batida
A embalar a minha alma de criança
Manso regato que brotava lá da serra
Saudosa fonte que alegrava o meu viver
Adeus paisagem céu azul da minha terra
Rincão querido hei de amar-te até morrer!
E onde estão meus estimados companheiros
Se foram tantos janeiros desde que eu deixei meus pais
Adeus lagoa 'Poço Verde' da esperança
Meu tempinho de criança que não volta nunca mais!

TRIBUTO À GOIÁ - POR SÉRGIO REIS


Sérgio Reis é um artista totalmente imune a modismos. A música sertaneja vive em constante mutação tentando acompanhar as novas tendências. Serjão continua na dele, fazendo o que mais gosta, musica sertaneja de verdade. Tributo a Goiá é uma emocionante e justa homenagem a um dos maiores poetas brasileiros. Falecido em 1981, Goiá soube como poucos traduzir em versos a alma do sertanejo. Uma das características de sua obra é a nostalgia, presente em canções que se transformaram em clássicos da música brasileira. Sérgio Reis previlegiou arranjos muito próximos dos originais das canções, com a santíssima trindade da música caipira(viola, violão e acordeom). O resultado é um trabalho espetacular: Faixas 1. Caminhos de Minha Infância 2. Aurora do Mundo 3. Esquina do Adeus 4. Gente de Minha Terra 5. Recordação 6. Pé de Cedro 7. Tardes Morenas de Mato Grosso 8. Poente da Vida 9. Campos Amados de Coromandel 10. Retalhos de Saudade 11. Saudade de Minha Terra 12. Canção do Meu Regresso (Fonte: http://www.mubi.com.br/ )

SAUDADE DA MINHA TERRA - GOIÁ / BELMONTE

De que me adianta, viver na cidade,


Se a felicidade não me acompanhar.


Adeus paulistinha do meu coração,


Lá pro meu sertão eu quero voltar.


Ver na madrugada, quando a passarada,


Fazendo alvorada, começa a cantar,


Com satisfação, arreio o burrão,


Cortando o estradão, saio a galopar;


E vou escutando o gado berrando,


Sabiá cantando no jequitibá.




Por Nossa Senhora, meu sertão querido,


Vivo arrependido por ter te deixado;


Esta nova vida, aqui na cidade,


De tanta saudade eu tenho chorado,


Aqui tem alguém, diz que me quer bem,


Mas não me convém, eu tenho pensado,


Eu fico com pena, mas esta morena,


Não sabe o sistema em que fui criado.


Tô aqui cantando, de longe escutando,


Alguém está chorando com o rádio ligado.




Que saudade imensa, do campo e do mato,


Do manso regato que corta as campinas,


Aos domingos ia, passear de canoa,


Na linda lagoa de águas cristalinas;


Que doce lembrança, daquelas festanças,


Onde tinha danças e lindas meninas,


Eu vivo hoje em dia, sem ter alegria,


O mundo judia mas também ensina.


Estou contrariado mas não derrotado,


Eu sou bem guiado pelas mãos divinas.




Pra minha mãezinha, já telegrafei,


Que já me cansei de tanto sofrer;


Nesta madrugada estarei de partida,


Pra terra querida que me viu nascer;


Já ouço sonhando, o galo cantando,


O inhambu piando no escurecer,


A lua prateada, clareando a estrada,


A relva molhada desde o anoitecer.


Eu preciso ir, pra ver tudo alí,


Foi lá que nascí, lá quero morrer.

COMO FORAM COMPOSTAS ALGUMAS MÚSICAS DE GOIÁ

"SAUDADES DE MINHA TERRA"Novembro de 1955. Escreveu tal música logo que transferiu-se de Goiânia para São Paulo. Machucado pela saudade de sua amada cidade ( Coromandel ), vagava pelas ruas dessa metrópole, revendo, pelos olhos da alma, os seus tempos de infância, as poéticas madrugadas, o cantar dos pássaros, os "pagodes nas fazendas...". Guardou consigo essa música, e quando, anos depois, foi gravada pela primeira vez ( hoje existem cerca de quarenta regravações) surpreendeu-o o grande sucesso alcançado. Aproveitou a ocasião para responder a uma pergunta que todo o Brasil fazia: a pessoa que chorava com o "rádio ligado" era a sua mãe !!!
"VINTE ANOS DE SILÊNCIO"Março de 1968. Zacarias Mourão apareceu em sua casa com a letra em versos, num sábado a tarde. Goiá gostou do tema, e nesse mesmo dia inseriu a melodia, sentado sob um caramanchão de seu quintal.
"JARDINEIRA DO ADEUS"
Em 1972. Durante uma pescaria no Rio Piracicaba, recordando, com imensa saudade os bons tempos em que os pais viviam, as festinhas, a infância pobre porém feliz! Um dia a "jardineira" partiu, levando entre os passageiros um rapazinho, quase menino, sonhador das madrugadas, cuja mãezinha ficara chorando, mas rezando para que o filho fosse bem sucedido.
"ADEUS MARIA"Agosto de 1974. Durante uma temporada que passou no interior e o tema em si é uma homenagem a um velho amigo.
"ALMA CABOCLA"Julho de 1978. A Praça da República, em São Paulo, também é conhecida como "Praça do Caipira", pois ali existem muitas aves, animais e belos lagos artificiais. Foi lá que, num entardecer escreveu a música, recordando o Rio Parnaíba, as matas cheirosas e os campos de gabiroba.
"POÇO VERDE"Julho de 1970. Existe, a 5 km de Coromandel, uma linda lagoa, poética, fascinante, cujas águas impressionam, pelo seu verde esmeralda. Às margens do Poço Verde, ditou a letra ao amigo e conterrâneo Sinval Pereira.
"DUAS VIDAS"Outubro de 1968. Durante uma visita que Goiá fez à Rádio Record, seu amigo José Russo escreveu e entregou-lhe uma bonita crônica sobre esse tema. Imediatamente Goiá passou para rimas musicando o tema. Quando, dias depois Duduca e Dalvan estiveram em sua casa, ensinou-lhes a melodia e eles a gravaram logo em seguida, dando uma interpretação serena e segura.
"PÉ DE CEDRO"
Setembro de 1956. Esta é uma parceria com Zacarias Mourão. O "Índio" havia chegado de sua terra natal ( Coxim-MS ) e trouxera a letra. O seu entusiasmo deu com os costados na casa de Goiá às 4:00 h da manhã, levando consigo uma "fila" de duplas e um litro de pequi Cuiabano que o malandro sabia ser de sua preferência. Depois de ler e reler a letra, Goiá disse que mais tarde colocaria a melodia, porém diante da insistência de todos viu-se na obrigação de musicar a letra naquele momento, ante uma platéia atenta. Nessa altura a "cantarola" acordou todo o prédio, às 4:30 h da matina.
A primeira dupla a aprender a música foi Ninico e Selim, que dias depois a gravaram. E o sucesso foi aumentando a cada regravação
"PARANÁ QUERIDO"Setembro de 1973. Música em parceria com Paulinho Gama, em homenagem ao Estado do Paraná.
"GENTE DA MINHA TERRA"Agosto de 1974. Diversas pessoas vinham incentivando Goiá para que escrevesse uma seqüência de "Saudade de Minha Terra" que fora tão bem aceita por todos. E foi o que ele fez em uma certa madrugada, na fazenda de um amigo. Hoje, com uma infinidade de regravações continua sendo o seu "Cartão de Visitas".

sexta-feira, 3 de julho de 2009

BIOGRAFIA

Gerson Coutinho da Silva (Goiá), filho de Celso Coutinho da Silva e de Margarida Rosa de Jesus, nascido aos 11 de janeiro de 1935, Coromandel - MG, na rua Raul Soares, em uma casa que, claro, muitos anos depois ficou conhecida por "Casa do Períque" e falecido aos 20 de janeiro de 1981 em Uberaba - MG.
Desde bem pequeno gostava de falar também em versos e incentivado pelo pai que, lhe deu o primeiro instrumento musical, uma gaita, logo passou para o cavaquinho e em seguida o violão. Cantou em dupla com vários parceiros da cidade, dentre eles, Anterino Coutinho, o irmão Nelson, Geraldo Telles (Geraldinho do Vigilato), outro irmão José (Zé do Vigilato) animando muitas festas.
Começou a estudar música com o mestre José Ferreira e enquanto não terminava o curso, passou a ser o tocador de bumbo e também em dupla com Miguelinho (filho do “Miguel do Batalhão), cantou em arraiais como Chapadão, Alegre, Mateiro e Santa Rosa, nas primeiras incursões fora de Coromandel. Após uma temporada em Lagamar, foram para Patos de Minas, onde por alguns meses participaram do programa de rádio “Compadre Formiga, porém sempre retornava a Coromandel para matar a imensa saudade de sua terra natal, saudade esta que, futuramente inspiraria a letra de uma música que, é considera um hino do povo brasileiro “Saudade de Minha Terra, gravada e regravada na voz de vários artistas.
Em 1953 partiu para Goiânia, então com dezoito anos de idade, juntamente com o seu pai permanecendo por 2 anos, aprendendo muito, também em todos os sentidos. Formou o "Trio da Amizade", cujo primeiro nome foi “Rouxinol, com vários programas na Rádio Brasil Central. O trio foi o primeiro do estado a gravar disco, também, em São Paulo, foram 2 discos com 78 RPM na antiga Columbia, que depois se tornou CBS.
Após algum tempo morando em Goiás, cultivou imenso carinho especialmente pela cidade de Goiânia, onde deixou grandes amigos como como: Valdomiro (do Bazar Paulistinha ), o popular "Cidão Barbosa", também parceiro de músicas, Marrequinho e tantos outros , terra esta que, originou o apelido “Goiá, que, segundo ele, uma homenagem de agradecimento ao estado de Goiás. Partiu no último dia do ano de 1955, com lágrima nos olhos, mas com a grande meta de conquistar seu sucesso também em São Paulo, o grande eixo do mundo artístico. Antes passou na sua querida Coromandel como forma de tomar um fôlego e de alimentar-se do ar puro da praça da velha igreja de Sant'ana, rever o lindo Poço Verde, pescar no Rio Paranaíba, rever os amigos de infância. Os amigos o esperaram na placa de 5 km e foram também em carreata até Coromandel, onde foi recebido com foguetórios, faixas, festas e muitas cantorias. Era o início de uma nova fase em sua carreira, pois morar em São Paulo já estava definido, Coromandel foi mesmo o oxigênio para enfrentar a nova etapa.
Gravou alguns discos com o "Trio Mineiro" e após uma temporada na Rádio Nacional, nos programas do amigo "Nhô Zé", transferiu-se para a Rádio Bandeirantes, onde foi contratado como apresentador de programas, inicialmente no "Maiador da Fazenda", do amigo e parceiro Zacarias Mourão, e posteriormente lançou o "Choupana do Goiá", além de ser substituto eventual também dos saudosos Capitão Balduino e do Comendador Biguá, em seus tradicionais programas "Brasil Caboclo" e "Serra da Mantiqueira".
Casou-se em 23 de Fevereiro de 1957, às 17:00 horas, com Hilda Alves da Silva, na igreja São Rafael, na Moca, em São Paulo. Hilda é filha de Mariano José da Cunha (Mariano Theodoro) e de Maria Luíza de Jesus, coromandelenses, da família de garimpeiros do Douradinho, "os Theodoro".
Durante toda sua trajetória, de Coromandel a Patos, Goiânia e São Paulo, jamais deixou de compor suas músicas, e através delas, chorava a grande saudade de sua terra, mas, tinha em mente um ideal, e todo ideal exige sacrifícios, de todos, o maior era a ausência prolongada de sua cidade, de sua gente. Ficou por longos 10 anos sem voltar a sua terra natal, Coromandel, pois como todo ser humano que tem seu orgulho próprio, Goiá queria voltar a Coromandel, já consagrado na música sertaneja.
Permaneceu na Rádio Bandeirantes até meados de 1961, durante o período em que a quase totalidade do "cast" sertanejo daquela emissora havia gravado músicas de sua autoria como Pedro Bento e Zé da Estrada, Liu e Léo, as Irmãs Galvão, Zilo e Zalo, Caçula e Marinheiro, Tibagi e Miltinho, Souza e Monteiro, Primas Miranda e outros tantos na atualidade como Milionário e José Rico, Chitãozinho e Xororó, Belmonte e Amaraí, Sergio Reis, Clayton Aguiar, João Renes e Reni.
Foi para a Rádio 9 de Julho (ainda como apresentador) a convite do Geraldo Meirelles e Zé Claudino, lá ficando por 2 anos, durante o período em que se despediu, e depois de uma curta temporada com Zacarias Mourão na Rádio Excelsior, decidiu dedicar-se inteiramente às composições. Com exceção de alguns meses como "free-lancer" na Rádio Nacional, no programa "Biá e seus Batutas", nunca mais voltou a apresentar programas, tendo se dedicado, de corpo e alma, aos seus versos.
Um dia, para a alegria do povo de Coromandel, a dupla, Goiá e Biá, grava o seu primeiro LP, com todas as composições de Goiá, e muitas falando de Coromandel e do Estado de Goiás, sendo que nesta época o seu parceiro e "cunhado" era bem conhecido na música sertaneja, através da dupla "Palmeira e Biá", assim concretizando de vez os seus sonhos no âmago de sua alma. Assim, Goiá mostrou a sua familiaridade com o violão, pois tinha uma impressionante capacidade de musicar, não somente suas letras como também de muitos parceiros seus, vestindo a cada dia uma roupagem nova na "Música-Política-Sertaneja". E, sempre acompanhado de grandes personalidades da época, Goiá viveu dias intensos de viagens e shows por todo Brasil.
Mas nem tudo foi um "mar de rosas". Além das dificuldades que, todos enfrentam neste País, ele tinha também o seu lado de esposo e pai, sempre mostrando um carinho muito grande pela sua família, já composta de três filhos: Róbson, Myre e Hilger; e aí passou a ver o lado financeiro de suas músicas, pois até então, de direitos autorais, pouco recebia, devido a não regulamentação desse direito no Brasil. Como exemplo, Goiá compôs a Trilha Sonora do filme "A Vingança de Chico Mineiro", onde quase nada recebeu por um grande trabalho de uma qualidade indiscutível.
Por volta do ano de 1971, começa um tempo negro em sua vida; Goiá passou a ser portador de Diabetes, e como ele mesmo dizia, abusava de sua saúde, não se alimentando corretamente, passando longos períodos de viagens e cantorias, ficando até três anos sem fazer um exame de sangue sequer.
Foi em Dezembro do ano de 1979, nos exames realizados Uberlândia - MG, que, ficou comprovado: além do açúcar no sangue, Goiá era portador de "Cirrose Hepática", já bem acentuada, "Ascite", água no Piritônio. De volta a São Paulo, começou a corrida aos hospitais na tentativa de estacionar a cirrose, e com isso ele perdia peso assustadoramente. Foi durante o período também que em Novembro de 1980, já vivendo praticamente só de cama, transferiu-se para Uberaba, ficando mais perto de Coromandel, podendo ser visitado freqüentemente pelos seus conterrâneos, trazendo para si, forças para continuar, mesmo acamado, a escrever suas canções.
Nos últimos anos de sua vida, Goiá já escrevia para o estilo sertanejo moderno e de igual era gravado por Chitãozinho e Xororó, João Mineiro e Marciano, César e Paulinho, Milionário e José Rico, Duduca e Dalvã, Chico Rey e Paraná e muitos outros.
No dia 20 de Janeiro de 1981, às 8:00 horas da manhã, morre em Uberaba - MG, aos 46 anos de idade, e seu corpo foi levado para Coromandel e esperado por uma multidão de pessoas, exatamente na Placa de 5 km, onde outrora fora sempre esperado pelo seu povo. Seu corpo foi velado na igreja de Sant'ana e sepultado no Cemitério Municipal de Coromandel, no dia 21 de Janeiro. No seu túmulo, ficou escrito o que humildemente pediu em uma de suas canções, mostrando mais uma vez a sua natureza humana: "A humildade era o meu gesto maior".
Algumas músicas de Goiá: Saudade de Minha Terra, Canção do Meu Regresso, Coromandel, Saudade de Coromandel, Última Esperança. (Fonte: Wikipédia)